INFORMAÇÃO SUMÁRIA
Padroeira: Nossa Senhora das Neves.
Habitantes: 697 (I.N.E. 2011) e 763 eleitores em 05-06-2011.
Actividades laborais: Agricultura e pecuária, pequeno comércio e construção civil.
Festas e romarias: S. Bento de Torre (3.º domingo de Julho), Santo António (13 de Junho), Senhora de Fátima, Senhora das Neves (5 de Agosto) e Santa Eugénia.
Valores patrimoniais e aspectos turísticos: Igreja paroquial e Capela de Santa Eugénia e de S. Bento de Torre, cruzeiros da Via-Sacra e alminhas, Margens do rio Minho e Monte da Assunção.
Artesanato: Linho, latoaria e fabrico de cera.
Gastronomia: Cabrito assado no forno e arroz de lampreia.
ASPECTOS GEOGRÁFICOS
A cerca de 4 quilómetros da sede do concelho ( vila de Monção) e a ocupar uma área de cerca de 422 ha, Bela é formada pelos seguintes lugares: Lajinha, Arnado, Fraga, Barbeitos, S. Bento, Avarento, Cruzeiro, Pereirinha, Aldeia, Giesteira, Cabo, Devesa, Cima de Vila, Costa, Mato, Telheira, Marco, Bornaria, Burgo, Santa Eugénia, Requeijo, Crasto, Pereiras, Carvalheda, Outeiro, Pousa, Quinta, Fonte e Martizes. A norte está o rio Minho, a sul, Longos Vales, a nascente, Barbeita e a poente, Troviscoso.
RESENHA HISTÓRICA
A sua fundação resulta de uma resolução do Concílio de Trento (entre 1563 e 1578), por fusão de duas paróquias: Santo André de Torre e Santa Eugénia de Barbeita, ainda hoje com correspondência geográfica na Meia de Cima e na Meia de Baixo. Ambas as paróquias tinham os seus tombos próprios — Santo André pertencia ao couto de Longos Vales e Santa Eugénia era do couto de Barbeita.
Em 1578, último ano conciliar, já frei Bartolomeu dos Mártires refere a igreja da Bela como uma das que foram dotadas com relíquias de santos, conforme pedido dos padres jesuítas, que aqui curavam.
O topónimo Bela (do latim, vela, vigilia) deve revelar que a povoação era atravessada pela via romana que ligava Braga a Ourense, por aqui existindo uma derivação que dava acesso à vila de Monção, também no monte da Assunção é de crer que tenha existido alguma torre de algum castro na medida em que nos limites de Bela com a freguesia de Barbeita está o Castro da Assunção . Encontraram-se também no seu território vestígios de uma “vila” romana. E a atestar a presença de povos muito antigos ficaram topónimos como Candos e Burgo.
No lugar de Arnado, com referência de 1758, havia um cais fluvial que servia a ligação com a Galiza por barco. A exploração da passagem era adjudicada em hasta pública, pertencendo parte a Portugal e parte à Galiza.
A igreja paroquial foi edificada entre os séculos XVI e XVII. As pedras usadas na sua construção, bem como na de alguns altares e imagens, foram aproveitadas da antiga igreja de Santo André aquando da sua demolição. A torre sineira ostenta a data de 1827.
Os cruzeiros da Via-Sacra, em granito, ligando a igreja à escola, são um conjunto a merecer particular atenção.
A Capela de S. Bento de Torre é antiga, mas foi totalmente remodelada em 1978. Aqui tem lugar, no terceiro domingo de Julho, a festa maior da freguesia.
A Capela de Santa Eugénia era a antiga paroquial da velha freguesia de Santa Eugénia e foi também restaurada.
Bela foi berço de João da Cruz, eremita fundador do Santuário do Bom Despacho em Cervães (Vila Verde, distrito de Braga). Era oriundo da Meia de Cima e teve das relações da célebre família Abreu, de Merufe (com propriedades nesta paróquia), que o teria levado para perto de Braga (Pico), onde frequentou o seminário.
A igreja de Bela figura no título das igrejas da comarca de Valença para o arcebispado de Braga, redigido entre o ano de 1514 e a morte de D. Diogo de Sousa, em 1532, sob a denominação de “Santa Oginha”. O rendimento deste benefício estimou-se então em 83 réis.
A história desta igreja está, por conseguinte, muito ligada à do referido mosteiro de cónegos regrantes de Santo Agostinho. Cerca de 1520, este mosteiro era da apresentação do papa, tendo como anexas Barbeita e Santa Maria de Cales.
Em 1539, Paulo III concedeu o priorado a D. Duarte, filho de D. João III. Por bula de Júlio III, de 1551, o mosteiro foi anexado ao Colégio de Jesus de Coimbra, e com ele as igrejas de Cambeses, Messegães, Pias e Sago. Após a extinção da Companhia, os bens passaram para a Universidade de Coimbra, em cujo Arquivo se guarda muita documentação deste mosteiro e da sua anexa bela.
Américo Costa descreve-a como vigairaria da apresentação do Colégio de Coimbra, e depois da Universidade.
( Fontes consultadas: Dicionário Enciclopédico das Freguesias, Inventário Colectivo dos Arquivos Paroquiais vol. II Norte Arquivos Nacionais/Torre do Tombo e Freguesias Autarcas do Século XXI).